quarta-feira, 14 de outubro de 2009

É bonito ser feio








Seio.



Dócil, dormente.



Ser fêmea sempre me foi, um dos maiores mistérios. Uma dor, fria.Reconhecia, lá se encontrava um seio redondo, uma vagina que por si só se designava e auto afirmava. A silhueta, as pernas.
Por mais que vomitasse, nada de doce encontrava. Contentei-me no agrupar em grupos essencialmente masculinos. Era renegada pelo corpo não espelhar. Não havia pênis, nem escroto, não havia peito farto, braço latente. Peço desculpa as extremas femistas pela polêmica declaração: Há sim milhares de diferenças entre o homem e a mulher. Não digo limitações gritantes, mas diferenças que se brutalizam e ferem.

Assim como no mundo animal, os machos procuram a fêmea pelo que se vê.Não admito a constante hipocrisia que escuto de que a única relevância para relações afetivas é a beleza inferior. Me sobe uma enorme vontade de violar o desconhecido que me diz, com um pequeno comentário rente a face" Beleza interior, é o caralho" corrompendo todos os meus escrúpulos e a educação que me foi dada com tanto esmero.Se um dia alguem puder me provar com clareza, não hesite. Quem sabe um dia, um casal bate à minha porta, ele loiro, malhado, bonito. ela, representação da mulher melância e me dirão, que se amam somente pelo que interiormente aparentam. Não me foge da mente a impossibilidade de tal ato.
Pois bem, nisso inconstestávelmente homens e mulheres não se diferem.


Há uma constante que não é mutável, como um "x" equacional sempre presente, desprezível mas não inexistente. As mulheres são sempre amáveis, (sim!) É um brilho intenso, uma beleza quase que maternal, gritante de ser ver. Bela, por fim.
Os homens tem uma espécie de parede concreta, talvez na auto-afirmação do neolítico não abandonado. O homem proteje a cria, a mulher procria. Os tempos são outros, certamente. Milhares de outros fatores foram adicionados juntos a constante existente.Seja, educação, trabalho, meio em que vive, sociedade, enfim.
Houve uma evidente divisão de subgrupos: Os "adequados", e os "A se adequar"
É gritante o fascínio do ser em afirmar-se.


Há uma margem, porém, aos renegados. Um expectro de luz aos que não se adequam nas características vis de homem ou mulher. O horizonte é confuso, dentre as verdades surge o que nos foi implantado com tanto carinho e dedicação...O esteriótipo de mulher/homem. As moças mais 'bonitas' dilatam seus caminhos, as mais 'feias' contém, em misto de medo e isolação. Devo ter uma certa preferência a tais marginalizados, um carinho quase que familiar, por ali me reconhecer. É dentro dessas mulheres que retiro a resultante. Isso sim me é belo e feminino, como uma característica ancestral, mas intriscicamente implantado e cultivado. Profundo.
Algo sutil, que ultrapassa tais subdivisões. Os homens renegados são de doçura gritante, um masculino claro, uma beleza forte, aqueles que se abre um sorriso contínuo e não se fecha mais, nunca mais. Me parecem os únicos seres merecíveis de se amar.

Contudo são considerados feios;inclusive um termo manco,pois há feios tão bonitos, digo do físico, da forma mais literal que se possa existir. O belo e o feio é só uma questão de perspectiva social. Dentro disso,espero que me entendam porque não venho a priorizar tais "bonitezas interiores" Primordial é a beleza que se exala, sendo o íntimo só uma prova concreta de tal soma. Peço licença a Vinícius de Moreas para que assim reescreva,


Me desculpem os belos, mas feiura é fundamental.








PS:

- Joel, am I ugly?
When I was a kid, I thought I was. Can't believe I'm crying already. Sometimes I think people don't understand how lonely it is to be a kid. Like you don't matter... So, I'm eight. And I have these toys, these dolls. My favorite is this ugly girl doll who I called Clementine. And I keep yelling at her: "you can't be ugly! be pretty!". It's weird. Like if I can transform her, I would magically change too.

- You're pretty.


A maioria das pessoas que vivem, os seres viventes, insistem em me enfiar guela abaixo o fato de toda criança ser portadora de uma incomensurável felicidade. Reconheço uma beleza gigante, claro. A infantilidade é uma das únicas coisas bonitas no homem. Isso gera milhares de coxixos das fêmeas que convivo. Os homens devem ser maduros, do tipo adultos, sérios...e todo o blá blá blá de praxe que me cansam os ouvidos. Pois bem, é como esperar o que se vive morrer, aglutinar, congelar, ser posto em cal ainda em pulso, para que seja reconhecido como homem másculo, homem ideal, daqueles que se encontram nas prateleiras idealizadas no mercado do par perfeito. (?)


Não, obrigada.