domingo, 28 de dezembro de 2008

Hiroshima


...São lembranças falhas, cheias de raízes. Sou como uma árvore velha, desgastada, coberta de cicatrizes fundas, como se arranhasse meu peito e o esmagasse de forma indolor. Tenho insensibilidade humana e calor vegetal...

sábado, 27 de dezembro de 2008



"Menina a felicidade
é cheia de graça
é cheia de lata
é cheia de praça
é cheia de traça."


Tom zé

Chouriço.


Trajando um simplório vestido rosa-de-doer, os cabelos loiros, fartos, cobriam os miudos seios que exalavam... os pés descalços entravam em contato com o concreto frio, como fria a pele já era. Entrara dentro de si, limpara as poeiras, podou suas entranhas, e lá estava parada.
Em uma forma estática corporal que fazia doer todos os olhos. Há muito tempo todos achavam que felicidade é euforia, mas não, a felicidade da moça era como guardar um pedaço de chouriço entre os famintos. E que chouriço! Como apetitoso se demonstrava aos outros, ah como saboroso era...

De repente, tirou o vestido, e se postou nua, em uma rua com cheiro de caos, os famintos, todos eles, corriam apressados, e sem o vestido não a notavam, era como moça morta, sem cheiro, sem cor e por fim sem vida. Mas tinha o que ninguém ali um dia conheceria, o chouriço, a coisificação da felicidade, contido em carne, carne lombar de boi, de porco, e todas as tripas e todo o resto.

Moça pobre, corpo magro, resistência pouquinha...
Inevitável que na barriga secante, aquele aglomerado de ossos, chamado corpo, não sustentaria.
Apóis ingerir a felicidade, morrera.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Desencanto.



Haverá o dia que encantar-se não compensará o desencanto
Sei porque hoje isso me dói, é sentir o peito como chuva que seca ao ar vivído do sol, o sol vivente, eu, chuva secante, chuva morrente...
Peço ao corpo que pare... toda eu me é só uma... Entre tantas curvas, me encanto, e ao aproximar do corpo denso... se vai alma.
é lidar-se entre os seus mais vívidos pontos, com sua metade em putrefação.

Como uma bola de assopro em festa de criança, as cores mais ardentes, das formas mais bonitas...uma hora poca-se e se esvai, torna-se completo vazio, como vazia já era ao adentra-se em sua essencia.