sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Era nova de pele branquinha, pálida, alguns rosados perdidos, perdidos mesmo, de uma forma que não se encontrava com facilidade por sua face. O cabelo era loiro, loiro irregular, assimétrico, com frios quebradiços em contraste com o tenaz do seu olho, negro
Olhos são mistérios, sim! expressão singela de alma em contraste com o corpo minguante, mas seus olhos nada expressavam, de uma forma estática e assustadora, tão negro que dava a impressão de rio em correnteza gélida, congelado e vivo, de uma frieza tão quente que o corpo respondia, os pedacinhos de alma congelados pelos olhos, gritavam por socorro! transpirava alma, se enchia de ar vazio, há quem acredite que era tão vazia que vomitar lhe doia a alma, mas que alma?
Levantou do meu lado certo dia, eram os cabelos, sim! Quebrados de uma forma que pareciam veias, colados com tanta seguridade ao rosto que faziam o lugar dos olhos, não enxergava com eles, era impossivel!(não se nada em rios congelados) Os cabelos transpiravam, choravam, e vomitavam de uma forma tão nítida as palavras que não conseguiam sair por sua boca pequena, pequeno branco, pequeno pálido, sua boca era uma prisão ao coração. Não sairia por coração ali.
Mas o cabelo! AH! Diluia o brilho, capturava a essência, cheirava a vida, e a vida fede, mas fede de um jeito que nos agrada, é o fedor de algo extremamente doce que nos põe em nausea, dias sim, dias não. Concerteza seus olhos eram mais densos que os meus verde-musgo, ou azul -tarde de domingo.
Percebeu que olhava, e o predeu de uma forma, que escondeu de mim por completo os olhos do cabelo, e no espiral do coque, pulsavam as lágrimas, o que antes me parecia loiro sol, se tornou loiro rabujo, não expressara, ecoava o vazio nela, o vazio preso, como um nó gigante, nó aos cabelos, nó na alma. Se ao menos pudesse arrancar o que o prendia! Mas não era só elástico era medo, nem nua conseguiria se expor, guardou-se tanto pra dentro de si que perdeu-se. Fez do cabelo coração.
No dia seguinte, voltou careca.
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