Acordou já acordada, era noite, não dia.
Os peitos fartos se expandiam por dentro da carne branca, transparente/leitosa. Abriu os olhos lentamente como se pudesse tornar a realidade moldável no tempo de contato (cílio-pele)
Realidade observada, boca muda, olhos falantes, músculos piscáveis. Lágrima caia congelando.
- A Borracha por favor...
Entregou em gestos mudos sem abrir a boca pra exercer o timbre
- Obrigado!
A cabeça balançava em tom de aprovação e a boca mexeu para o lado na tentativa frustrada de sorriso; e as lágrimas quentes, mais mudas ainda, transpiravam com o inquietante suor. O sinal tocou, sala vazia, agora sem menino da borracha, sem professor, estava a sós ela e os números.
Adormeceria já adormecida, era dia não noite...
-A Borracha por favor...
- Aqui está
- Cadê a menina que aqui sentava?
- Morreu, câncer, coisa brava...
A lágrima desceu muda, o coração batia em ritmos descontínuos, sentiu náusea, náusea que se sente quando alguém vai e não volta, náusea de vomito pós-porre, náusea da saudade do que não existu...
...mas não pela moça, era pela borracha.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Homem Apagado
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