sábado, 27 de dezembro de 2008

Chouriço.


Trajando um simplório vestido rosa-de-doer, os cabelos loiros, fartos, cobriam os miudos seios que exalavam... os pés descalços entravam em contato com o concreto frio, como fria a pele já era. Entrara dentro de si, limpara as poeiras, podou suas entranhas, e lá estava parada.
Em uma forma estática corporal que fazia doer todos os olhos. Há muito tempo todos achavam que felicidade é euforia, mas não, a felicidade da moça era como guardar um pedaço de chouriço entre os famintos. E que chouriço! Como apetitoso se demonstrava aos outros, ah como saboroso era...

De repente, tirou o vestido, e se postou nua, em uma rua com cheiro de caos, os famintos, todos eles, corriam apressados, e sem o vestido não a notavam, era como moça morta, sem cheiro, sem cor e por fim sem vida. Mas tinha o que ninguém ali um dia conheceria, o chouriço, a coisificação da felicidade, contido em carne, carne lombar de boi, de porco, e todas as tripas e todo o resto.

Moça pobre, corpo magro, resistência pouquinha...
Inevitável que na barriga secante, aquele aglomerado de ossos, chamado corpo, não sustentaria.
Apóis ingerir a felicidade, morrera.

Um comentário:

thiago almeida disse...

Eis mais um belo texto
E o nome dele poderia ser "Final aternativo para Macabéia"
kkkkkkkk
Beijos lovely Zilda