domingo, 18 de janeiro de 2009

O cão é nu



Queria engolir o mundo.
Era um misto de ousadia e sensibilidade animal...
tinha tudo e nada tinha,além dos dentes e do muco quente, amável...
Guardava-se a sombra, da areia quente, quieto.
como se de alguma forma conseguisse interromper o giro do mundo, esperando ele rodar, sem manifestar movimento algum...

Eu, muda em minha rede sólida, beirando a areia, solitária e triste engolida por mim, banhada de cores cinzas, beges, em nuances quietos.
Olhava, com olhos transbordando como em enchentes do mar...o cachorro me amava, amava ao solo, amava a si.
envolvia minhas entranhas com um olhar que escondia nos olhos lacrados de sono, suponho.
Mas no dia que acordou, esqueceu que existia vida.


e vivia!



Lispector, venha cá, convenhamos...
não apenas o cavalo é nu.

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