domingo, 8 de março de 2009
Flúor.
Era calada, somente porque temia.
É o temor que enrijece a densidade de alma, comprime... porta a preocupação absurda de enlatar a existência, em tamanhos compactos, portáveis.Acaba cortando as beiradas compostas, e levando o recheio seco. Eu, portadora de gigantes plasmólises, de citoplasma murcho como célula vegetal chorosa, sou muito de mim nos dentes.
Já os olhos estão afogados, não resistiram as tempestades contínuas, mas compreendem uma sinceridade virgem, inégavel aos temores. Os afogados olhos que possuo, me são por completo, uma cópia inégavel do que sou túrgida, até aos detalhes mais tolos(covenhamos, todos os detalhes são tolos).
A essência é o compacto da alma, fiquei pensando por séculos,que deveria esperar algum tipo de temor sólido parar comprimir por osmose minhas partes de recheio e jogar fora as beiradas, mas os temores me foram muito solidários perante aos olhos, sabiam que ali me precisava sem cortes, sem vírgulas. A constatação que faço é que sou três em um corpo só.
Os dentes não foram poupados,arrancaram dele a transparência(deve ser por isso que são tão amarelos) expressam minha essência, sem beiradas, em apenas recheios, como se fosse jogado a metade, sem inícios ou fins.Eis o sorriso o meu maior mistério, tão grande que é o maior mistério físico que posso comportar.Sou toda nua e minha boca a interrogação vital.
Se existimos em dualidade, expressamos uma quantidade proporcional de infertilidade aos próprios solos, ser totalmente exposta em entranhas, é renegar os individualismos, preciso cobrir-me, tenho minhas cortinas alojadas. Minha boca digere minhas beiradas, em dentes tão mudos. Sou nua mas lacrada, uma parte minha foi lacrada a mim...
Assuto-me como o conhecimento e a totalidade são grandezas inversamente proporcionais.
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