quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Estranho quando a vida silencia. Não um silencio premeditado, mas sim como se de repente fosse tomado da vida o direito da voz, e todo o grito tornasse um caroço espesso na garganta. O que se vive é um reflexo amorfo que se tenta ser. Existir é suceder o peito ao pisão dos vindouros cavalos. Quando o choro não é físico, longe do fato consumado que é o chorar. Nos pesa no peito o dilacerar dos pisões..e então se chora, se grita, se dói, em amargura bruta, ofensiva. Como o triturar do vidro manso sobre a pele. Transparência vil, sobre o asco vermelho(vital)dos homens.
Me encontro cega, sobre uma multidão em tiroteio. A varanda do meu aglomerar é cheia de gritos surdos. Não só o meu. Não só o meu penar. São milhares de janelas que me circundam em tal orgia da dor...e o gozo me cabe, completamente por direito.
Absorvo-me, como se fosse convertida em esponja. De tal forma que a angustia se distrubuisse igualmente entre os membros que pulsam. Mascarando a dor em cansaço.
Amanhã é dia novo. Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano Cotidiano
Espero que um dia, vomite por inteiro meus gritos secos.
Colaram-se ao muco.
Ci Dade, Ci idade, Se...
Porque há o direito ao grito.
então eu grito.
Lispector.
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Um comentário:
..."fosse tomado da vida o direito da voz"...
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